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Habronemose Cutânea - Uma doença sazonal.

Habronemose Cutânea - Uma doença sazonal.

M.V Ricardo Prianti M.V Ricardo Prianti
10 de janeiro de 2025

INTRODUÇÃO

A habronemose cutânea, também conhecida como "Ferida de Verão" é uma dermatose parasitária em cavalos, causada por uma reação de hipersensibilidade às larvas de vermes gástricos dos gêneros Habronema e Draschia.


SOBRE A HABRONEMOSE

As espécies de maior importância são H. muscae, H. majus e D.megastoma. Esses parasitas medem cerca de 13mm de comprimento e normalmente se localizam nas proximidades do margo plicatus.

Fonte: egus-technical-bulletins_the-diseases.pdf


Os animais acometidos apresentam lesão nodular única ou múltipla na pele, acompanha quase sempre um tecido de granulação, e são geralmente localizadas nos membros, olhos, prepúcio, lábios e etc.

Essas lesões são de difícil cicatrização devido a presença de larvas que não completam o seu desenvolvimento, mantendo o processo inflamatório ativo.

Fonte: Equihealth Medicina Equina


CICLO BIOLÓGICO

O ciclo da habronemose começa quando parasitas fêmeas adultas presentes no estômago dos equinos liberam ovos embrionados nas fezes desses animais. Esses ovos eclodem, liberando larvas na fase inicial (L1). As larvas L1 são então ingeridas por larvas coprófagas de moscas dos gêneros Musca domestica ou Stomoxys calcitrans.

À medida que a mosca hospedeira se desenvolve e atinge a fase adulta, as larvas do Habronema e Draschia evoluem para a fase infectante (L3). Quando a mosca pousa nos lábios ou orifícios nasais dos equinos, a L3 migra do aparelho bucal do inseto para a mucosa do animal. Após ser ingerida, a larva L3 alcança o estômago do equino, onde se desenvolve até a fase adulta (L5), completando o ciclo em aproximadamente cinco semanas.

Ao pousar e se alimentar de feridas abertas ou secreções presentes nas mucosas dos equídeos, a mosca pode dar início a um ciclo errático da doença. Nesse processo, a deposição das larvas L3 nessas regiões resulta no desenvolvimento de uma ferida de difícil cicatrização, com tecido de granulação exuberante e coloração avermelhada.  As feridas tendem a não cicatrizar devido à presença das larvas que não finalizam o seu desenvolvimento, mantendo dessa forma o processo inflamatório ativo (SANTOS; ALESSI, 2016; SALANT et al., 2021).

DIAGNÓSTICO

O diagnóstico da habronemose cutânea se baseia na observação e identificação da larva no raspado de pele ou na biópsia da lesão (FORTES, 2004).

No exame histopatológico pode-se detectar tecido de granulação, eosinófilos, mastócitos, neutrófilos, presença de dermatite nodular difusa e focos de necrose, que podem ou não conter fragmentos das larvas (SANTOS e ALESSI, 2016).


TRATAMENTO

O tratamento da habronemose cutânea visa controlar a inflamação presente na lesão e minimizar a extensão da ferida. Anti-inflamatórios são utilizados para controlar a inflamação local e combater a reação de hipersensibilidade.

Além da terapia sistêmica, recomenda-se, quando necessário, a aplicação de tratamento tópico.

  • Remoção mecânica de larvas remanescentes, grânulos e tecido desvitalizado;

  • Limpeza das lesões com antissépticos, anti-inflamatórios, antibióticos e pomadas cicatrizantes;

  • Troca diária de curativos, é essencial para a recuperação do animal.


CONCLUSÃO

A habronemose cutânea é uma dermatose parasitária em equinos, causada por uma reação de hipersensibilidade às larvas de Habronema e Draschia, transmitidas por moscas. As lesões características são de difícil cicatrização devido à inflamação persistente e presença das larvas. O diagnóstico se baseia em observações clínicas e exames histopatológicos, enquanto o tratamento envolve controle da inflamação, limpeza das feridas e aplicação de terapias tópicas e sistêmicas. Medidas preventivas, como controle de moscas e higiene, são essenciais para reduzir a incidência da doença.


Referências Bibliográficas

SANTOS, R. L. e ALESSI, A. C. Patologia Veterinária. 2? Edição, Editora Roca, Pág. 168-169, 459. 2016.

FORTES, E. Parasitologia veterinária. 4 ed. São Paulo: Ícone, p. 342-348. 2004.


M.V Ricardo Prianti
M.V Ricardo Prianti
Médico Veterinário, proprietário da Clínica de Equinos Prianti