INTRODUÇÃO
As Doenças Ortopédicas do Desenvolvimento são o nome dado às enfermidades que acometem os equinos durante o crescimento, que incluem as deformidades flexoras e angulares, osteocondrose, osteocondrite dissecante, malformação vertebral cervical e a discondroplasia (SANTOS, 2021).
Deformidades Angulares
Os desvios angulares são os distúrbios do crescimento mais comuns em equinos, podendo ocorrer em membros pélvicos e torácicos. Tratam-se de desvios no plano frontal, discriminadas pela articulação ou osso que é o centro do desvio (ponto pivô).
Existem dois tipos de desvio
VARUS - quando a porção distal do membro se projeta medialmente em relação ao seu eixo axial.
VALGUS - lateralização da porção distal do membro a partir do ponto de desvio em relação ao seu eixo axial.
Essas deformidades podem ser congênitas, manifestando-se desde o nascimento do potro, ou adquiridas, surgindo após o nascimento. Segundo Adams (2000), essas enfermidades podem ser ocasionadas por diversos motivos, incluindo o mal posicionamento do feto no útero, a predisposição genética ou então, a má nutrição.
Dessa forma, o conhecimento sobre os fatores de risco, diagnóstico, tratamento, prognóstico e manejo das deformidades flexurais é fundamental para que o médico veterinário forneça um tratamento eficaz.
Deformidade Flexural
Thomassian (2005) classifica as deformidades flexurais como alterações osteomusculares, podendo apresentar uma flexão contínua ou irredutível e a hiperextensão das articulações das partes médias e distais principalmente dos membros anteriores.
Os tendões flexores superficial e profundo são os mais acometidos, e podem variar de acordo com o grau da contratura. O grau da deformidade é classificado de I a III, sendo o I um pequeno desvio cranial da articulação metacarpofalangeana, aumentando o ângulo anterior. Já o III é um desvio mais evidenciado, tendo uma projeção cranial maior do que o grau I. Nesse grau, a tensão do tendão extensor digital é maior, ficando proeminente ao eixo caudal lateral.
O potro apresentará o emboletamento, como popularmente é conhecido quando o tendão flexor superficial estiver cranial a articulação metacarpofalangeana (THOMASSIAN, 2005).
TRATAMENTO
O tratamento conservador das deformidades pode envolver o uso de talas e gessos, casqueamento corretivo, fisioterapia e a administração de medicamentos analgésicos, anti-inflamatórios e antibióticos, com o objetivo de aliviar a dor, reduzir a inflamação e auxiliar na correção da angulação.
Em casos de uma maior severidade, o tratamento cirúrgico pode ser utilizado em caso de insucesso do tratamento conservador. Entre os procedimentos mais comuns para tratamento cita-se a desmotomia dos ligamentos e tenotomia dos tendões flexores superficial e profundo (THOMASSIAN, 2005)
Osteocondrose
É uma doença bastante comum em equinos e por ser degenerativa, ela afeta principalmente a cartilagem articular e o osso subjacente. A osteocondrose se manifesta tanto por cistos subcondrais (mais comum), quanto por osteocondrite dissecante e epífise. Nessa doença os condrócitos se diferenciam na cartilagem articular e também na placa epifisária, consequentemente diminuindo a vascularização da cartilagem. Essa não diferenciação, resulta em necrose da cartilagem articular, o que causa fissuras entre a mesma e o osso subcondral (SANTOS & ALESSI,2016).
Osteocondrite Dissecante
Segundo Gallo. et all (2014), essa enfermidade é resultante da osteocondrose, sendo um "defeito” da ossificação endocondral que acomete as articulações, sendo a tibiotársica a mais acometida nos cavalos.
Malformação de Coluna
A malformação de coluna ocorre devido ao crescimento anormal das vértebras cervicais (AUER & STICK 2012). O excesso de vitamina D na alimentação dos equinos pode acabar ocasionando essa malformação, levando a uma remodelação óssea, causando o estreitamento do canal cervical, afetando a área na medula espinhal que controla o sistema locomotor.
CONCLUSÃO
As Doenças Ortopédicas do Desenvolvimento representam um desafio significativo na medicina veterinária equina, afetando diretamente o desempenho e a qualidade de vida dos animais. Entre as principais deformidades ortopédicas, destacam-se as angulares e as flexurais. O diagnóstico precoce, aliado a um tratamento adequado, seja conservador ou cirúrgico, é essencial para minimizar os impactos dessas afecções e garantir uma melhor recuperação dos equinos acometidos. Assim, a compreensão aprofundada desses distúrbios, suas causas, prognósticos e abordagens terapêuticas é fundamental para o sucesso clínico, reforçando a importância do acompanhamento veterinário especializado na ortopedia equina.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ADAMS, Stephen. Management of Congenital Flexural Limb Deformities in the Foal. 2000.
AUER, J.A & STICK, J. A. EQUINE SURGERY. 4ª ed. St Louis: Elsevier, 2012 1609 p. CORRÊA, Rodrigo Romero; DE ZOPPA, André Luis do Valle. Deformidades flexurais em eqüinos: revisão bibliográfica. Ensaios e Ciência, v. 5, n. 5, p. 37-43, 2007.
GALLO, Marco Aurélio; DE OLIVEIRA PIMENTEL, Luiz Fernando Rapp; DE ZOPPA, André Luis do Valle. Ocorrência da osteocondrite dissecante na articulação tibiotársica em equinos da raça Brasileiro de Hipismo por meio da radiografia digital. Revista Brasileira de Ciência Veterinária, v. 20, n. 4, 2013.
SANTOS, R. L. & ALESSI, A. C. Patologia veterinária. 2ª ed. Rio de Janeiro: Roca, 2016. 856 p
THOMASSIAN, Armen. Enfermidades dos Cavalos. 4. ed. São Paulo: Livraria Varela, 2005.
M.V Ricardo Prianti